Jean Michel Basquiat
Tabac
1984.
Acrílica e pastel oleoso s/ tela, 219x173 cm.
Coleção particular.
Bienal
Composição: Zeca Baleiro / Zé Ramalho
Desmaterializando a obra de arte do fim do milênioFaço um quadro com moléculas de hidrogênio
Fios de pentelho de um velho armênio
Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta
Meu conceito parece, à primeira vista,
Um barrococó figurativo neo-expressionista
Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista
calcado da revalorização da natureza morta
Minha mãe certa vez disse-me um dia,
Vendo minha obra exposta na galeria,
"Meu filho, isso é mais estranho que o cu da jia
E muito mais feio que um hipopótamo insone"
Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso ler o segundo caderno,
Calcular o produto bruto interno,
Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,
Rodopiando na fúria do ciclone,
Reinvento o céu e o inferno
Minha mãe não entendeu o subtexto
Da arte desmaterializada no presente contexto
Reciclando o lixo lá do cesto
Chego a um resultado estético bacana
Com a graça de Deus e Basquiat
Nova York, me espere que eu vou já
Picharei com dendê de vatapá
Uma psicodélica baiana
Misturarei anáguas de viúva
Com tampinhas de pepsi e fanta uva
Um penico com água da última chuva,
Ampolas de injeção de penicilina
Desmaterializando a matéria
Com a arte pulsando na artéria
Boto fogo no gelo da Sibéria
Faço até cair neve em Teresina
Com o clarão do raio da silibrina
Desintegro o poder da bactéria
Guillermo Vargas
"você é o que você lê"
2007.
"você é o que você lê"
2007.
"um animal assim se converte em foco de atenção quando está em um lugar branco onde as pessoas vão ver arte, mas não quando está na rua morto de fome."
E enquanto morre o animal, pseudo intelectuais tomam espumante, comem canapés e destilam comentários "inteligentes", típicos de Caderno 2, para justificar a "arte" que seres "iletrados" não são capazes de enxergar.
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