sábado, 7 de novembro de 2009

Tarantino and me... Bastardos Inglórios


Semana passada fui assistir ao novo Tarantino (Bastardos Inglórios) e de quebra ainda conheci o novo Espaço Unibanco de Salvador, que fica onde antes era o Cinema Glauber Rocha, bem no meio da Praça Castro Alves.. sim aquela que ferve de gente no carnaval e que nos dá uma vista fabulosa para a Baía de Todos os Santos.. vista essa que pode ser apreciada do Terraço do referido cinema (veja foto ao lado).. por essas e outras que o nosso Espaço Unibanco é bem mais bonito do que os outros! :-)

Mas voltando ao filme.. eu não sabia que Bastardos Inglórios era um Tarantino, e ouvi muitas críticas ao mesmo.. pessoas que foram esperando um filme sério sobre a 2a guerra mundial e com o galã Brad Pitt no papel principal me alertaram: o filme é horrível, não vale a pena..
Quando descobri que era um Tarantino, pensei: ok.. pode até ser um filme ruim, mas terei que dizer isso eu mesma depois de assistir.. e durante o filme eu só pensava: Zeus, quem não gostou desse filme só pode ter sido por uma razão ou duas: ou não gosta de Tarantino, ou tentou levar a sério a história... quem conhece Tarantino sabe que o que ele mais gosta de fazer é brincar com fatos aparentemente sérios, num humor negro recheado de violência gratuita, mas com diálogos impecáveis, atuações primorosas, surpresas no elenco, com atores excelentes dos quais nunca ouvimos falar, e uma trilha sonora que tem todo o sentido dentro do contexto fantástico que ele impõe em suas interpretações da realidade..

Ele fez isso maravilhosamente em Pulp Fiction (trilha sonora perfeita, ressurreição de Travolta e uma cena chocante inteira de overdose da Uma Thruman), Um drink no inferno, Jackie Brown (quem lembra da famosa cena do roubo que ele filmou de diversos ângulos de acordo com a visão de cada um dos personagens e depois apresenta a cena várias vezes com o olhar de cada um deles??), Kill Bill (Uma Thruman again... a cena do escalpelamento de Lucy Liu antológica e o festival de sangue falso exagerado por todos os lados.. nunca uma vingança foi tão doce..) e o último que assisti À prova de morte (que eu adorei, especialmente a trilha sonora: perfeita!!)..

No caso em questão de Bastardos Inglórios, a realidade é a 2a guerra e o tão comentado e conhecido massacre aos judeus... o realismo fantástico vem por conta de um grupo de judeus vingadores, que usam de métodos nada ortodoxos e muito violentos para se vingar dos seus inimigos mortais: os naziis... Brad Pitt como um caipira judeu vingador está super caricato, mas faz a gente rir com seu sotaque carregado... mas pra mim quem rouba mesmo a cena é o oficial Nazista interpretado pelo austríaco Christoph Waltz, ganhados do prêmio de melhor ator em Cannes por esse papel, e que certamente estará na disputa por um Oscar.. o cara rouba todas as cenas em que aparece.. seu diálogo calmo, pausado, medido e meticuloso, recheado com comentários aparentemente inocentes, e ainda falando em 4 idiomas diferentes, surpreende de um modo muito bom...

Não vou tentar comentar o filme todo, até porque é longo e tem coisas demais para ser ditas.. mas vi um blog que fez isso muitíssimo bem e quem quiser comentar melhor o filme comigo, me convide para um café no belo Espaço Unibanco... no dia que fui faltou só fazer isso: tomar um café...




segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Encantos da Terra da Luz


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome, pergunto o que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

-- Patativa do Assaré

Se tem um lugar do Nordeste que sempre quis conhecer era o Ceará e a sua capital Fortaleza... sabe Deus porque nunca o fiz.. não há justificativas.. Graças aos incentivos da Ciência fui levada, mais uma vez, a desbravar um novo pedaço bonito de chão... e em nada me decepcionei...

A calorosa acolhida com que fui recebida por amigos do Ceará e do Pará, o sol quente e aconchegante com a brisa da Beira Mar, as falésias avermelhadas e céu de lua cheia de Canoa, a beleza organizada de uma capital que se recusa a crescer no stress caótico dos grandes centros, os muitos pequenos e grandes encantos dessa linda Terra da Luz, tão cantada em versos e prosas por seus poetas, como o mestre Patativa do Assaré.


Canoa Quebrada

Assim que cheguei já fui logo pra Canoa, conhecer essa praia paradisíaca tão comentada por nativos e turistas. Fomos presenteados por uma noite de lua cheia impecável. O mar agitado não convidava ao banho, mas andar nas areias passando por dentro das falésias já era suficiente para curtir a sensação da praia. A hospitalidade da portuguesa Paula e a comida caseira do Naim valem a indicação. A famosa rua Broadway, com seus restaurantes e lojas, lembra a irmã famosa de Búzios, rua das Pedras, ou a rua principal de Praia do Forte.. é onde todas as tribos se encontram depois de 1h da manhã para brindar a madrugada. Em um fim de tarde na beira da praia, olhando os surfistas no mar agitado e a menina sentada proibida de brincar, pensei: são momentos como esses que fazem a vida ter sentido.

A decepção ficou com o cara do parapente... passei uma noite inteira tomando coragem e acordei decidida e feliz: Quero voar!!! e quem disse que o cara apareceu?? Fui embora com um gostinho de: puxa, porque não?? e com a sensação de: nunca deixe para amanhã o que você pode e deseja fazer hoje!

Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Patativa e Dança Telemática

Já tinha ouvido falar do Dragão pela minha amiga Dri, que vira e mexe me dizia: "vou sair hoje, vou ao Dragão".. imaginava um barzinho com música ao vivo ou algo assim.. nunca o que de fato ele é.. um grande e vivo Centro Cultural.. mistura de Pelourinho com Recife Antigo, com pitadas de Gávea e Botafogo... tem teatro, cinema com filmes arte, observatório, barzinhos (vários) e um café maravilhoso.. o poeta Patativa do Assaré nos recepciona logo na entrada, e uma ponte metálica conduz ao andar superior onde podemos ver o centro do alto e seguir o cheiro de café até um charmosíssimo ponto de encontro.. à noite, de um determinado ponto da ponte, a vista para a catedral iluminada faz a gente parar, prender a respiração e pensar: que lugar lindo é esse??

Mas o que nos levou ao Dragão é também digno de nota. Trata-se do espetáculo experimental de dança Telemática (mistura de espetáculo de dança com elementos da tele informática), orquestrado pela Profa Ivani Santana, da UFBA. Bailarinos em Fortaleza dançavam duetos com bailarinos de Barcelona, e seus movimentos eram copiados por robôres e avatares controlados em Natal. Um espetáculo diferente, visualmente e tecnicamente impressionante que revoluciona a forma de fazer arte e mostra um papel inusitado da tecnologia nesse cenário.

Piratas, Forró estilizado na CrocoBeach e a Ponte Metálica

Tudo em Fortaleza tem dia certo pra acontecer... Segunda é dia do Piratas.. ao menos é o que todos dizem, e nós na Conferência não fugimos à regra. Na praia do Futuro, caranguejos e shows de boa música e de humor são diversão garantida. O nosso jantar na chiquérrima barraca CrocoBeach foi animado pela banda Dona Zefa, com um repertório requintadíssimo de forró tocado ao som de violino e flauta.. não acredita que funcione?? ouça pra ver! Ao lado do Piratas tem uma ponte de madeira que funciona como um observatório e que os nativos chamam de Ponte metálica.. se ela é de madeira vai entender pq se chama metálica.. mas o por do sol, com gente, muita gente, e roda de capoeira, é um programa ideal para um fim de tarde...

Camarões, Baião e Sorvete de Coalhada com Rapadura
A gastronomia cearense é um capítulo à parte. Comi MUITO bem nos dias em que estive por lá. Baião de Dois (o melhor do mundo), tapioca, caranguejo, e muito camarão.. uma coisa que não fiz, mas me falaram que é muito bom, é comprar o peixe ou camarão fresquinho no mercado e pedir pro pessoal fazer lá na hora.. e como sobremesa, que tal um sorvete de coalhada com rapadura?? achou estranho? então vá lá na sorveteria da beira mar.. são mais de 60 sabores.. uns bem comuns tipo morango ou chocolate.. mas outros super diferentes e imperdíveis... como sorvete de caipirinha (cuja venda é proibida para menores de 18 anos)...

Amigos

O elemento principal. Aqueles que fazem qualquer lugar ermo no deserto ser especial e valer a pena. Que dirá poder dividir momentos especiais no paraíso de Fortaleza e Canoa... Levo a saudade no coração e um desejo de rever vocês em breve! A Bahia, e um cantinho de número 33 no Rio Vermelho, espera de braços abertos poder retribuir a calorosa acolhida de vocês. Parto, mas já pensando em algum motivo qualquer para poder voltar!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Show Coronlaine 10 Anos!

Quem me conhece sabe que música é uma das minhas grandes paixões na vida.. nesse cenário, a paixão primeira é o Coronlaine, grupo de vozes performáticas de Salvador, sob a regência do melhor maestro de coro da Bahia, Cicero Alves.

Esse ano o Coronlaine comemora 10 anos e eu estou tendo o prazer de fazer parte desse show comemorativo..

Estamos envolvidos em ensaios há bastante tempo, e esse será, sem dúvida, o melhor e mais interessante show do Coronlaine, graças às inovações trazidas pelo coreógrafo americano Andrew Cao..

Com isso, ficaria muito feliz em contar com a presença de vocês por lá!!
**** Teatro ACBEU, corredor da Vitória, quartas e quintas do mês de agosto, às 20h30! ****

Mais informações sobre o show:

O Coronlaine, grupo coral performático dirigido pelo maestro Cícero Alves, estreará seu show comemorativo de 10 anos, no dia 05 de agosto, às 20h e 30min, no Teatro Acbeu, na Vitória. O show é dividido em 3 seções, sendo a primeira com um repertório de Rock and Roll nacional e internacional, com músicas como With or Without do U2, um medley dos Beatles, Bohemian Rhapsody de Freddie Mercury, Só o Fim do Camisa de Vênus e Maior Abandonado de Cazuza.
A segunda seção com World Music, incluindo Wana Baraka, música gospel do Quênia, A Namorada de Carlinhos Brown e O Encontro de Cícero Alves e Aninha Franco.
A última seção será de canções norte-americanas, incluindo Bridge Over Troubled Water de Paul Simon, America de Leonard Bernstein, We're All in this Together do High School Musical e One do Chorus Line.

O Coronlaine tem em sua trajetória shows anuais, sempre com casa lotada; uma tournée pelo estado da Pensilvânia, nos EUA, onde realizou diversos concertos em 4 diferentes cidades e um Troféu Caymmi conquistado em 2002, no único ano em que concorreu, pelo seu diretor, o maestro Cícero Alves.

Para a realização desse novo show, foi contratado o coreógrafo norte-americano Andrew Cao, residente em Nova York, onde atua em musicais da Broadway como dançarino e cantor. Ele assina 7 das coreografias do show, sendo as outras de autoria das coreógrafas baianas Juliana Bastos e Ana Paula Bouzas.

O show acontecerá todas as quartas e quintas do mês de agosto, às 20h30min no Teatro Acbeu da Vitória, estreando no dia 05.

domingo, 21 de junho de 2009

Comédias da vida privada de uma recém doutora: Elaborar projeto de pesquisa em pleno São João



São João no Nordeste é uma data sagrada. Para mim São João é ainda melhor do que carnaval. Especialmente quando eu podia ir pra Barra da Estiva. Friozinho da Chapada, comidinhas típicas e licor de laranja feitos por mainha, quentão, batata doce assada na fogueira, forró, família reunida, gincanas, quadrilha... Aqui na Bahia já é São João.. os fogos pela cidade e embaixo da minha janela que o digam..

E o que isso tem a ver com a vida de recém doutora?
bem, quando eu tava no doutorado me asseguraram que havia vida após o doutorado... essa foi a única forma de perseverar e não enlouquecer nos últimos meses da tese.. quem já viveu esse drama sabe bem do que estou falando.. a falta de controle da sua vida social, causada por um volume excessivo de culpa acadêmica, que te impede de fazer qualquer coisa que não tenha uma relação direta com a tese, as disciplinas ou qualquer outra coisa ligada a isso.. Claro que ficar no pc jogando paciência ou surfando na net pooode.. pq afinal de contas você está com o pc ligado e isso te causa uma falsa sensação de que você está trabalhando..

e cá estou, em pleno domingo véspera de São João, sem vontade alguma de trabalhar, mas paralisada pela culpa de ter que terminar um projeto de pesquisa. É bem óbvio que eu não vou conseguir, mas saber isso não é suficiente para me fazer sair da frente do pc, pegar o carro e ir para a estrada ou alguma arraiá... E aí, em um momento de procrastinação autorizada (surfando na net) me deparei com mais um PhD Comics feito especialmente para esse momento.. estou agora mesmo fazendo minha encomenda de Procrastin-X.. peça você também o seu e volte a ser feliz e a ter total controle sobre a sua vida social, sem culpas por não fazer absolutamente nada em um dia de domingo.







sexta-feira, 19 de junho de 2009

Seu nome é Harriet Tubman





Come on up, I got a lifeline come on up to this train of mine.

She said her name was Harriet Tubman
and she drove for the Underground Railroad..



Antes de fevereiro desse ano eu não fazia a menor idéia de quem vinha a ser a senhora Harriet Tubman. Até que chegou aos meus ouvidos uma das músicas de trabalho do Coronlaine que levava o seu nome, e cuja coreografia remetia a correntes, escravidão e libertação. Fiquei curiosa e fui atrás de mais informações sobre essa pessoa que iríamos interpretar. Você sabe quem foi Harriet Tubman?

Harriet Tubman na verdade nasceu batizada com o nome de Araminta Ross. O Harriet é o nome da sua mãe e Tubman é o sobrenome do seu primeiro marido. Ela nasceu escrava em 1820 em Maryland, EUA, como propriedade de Edward Brods, dono de uma plantação de cana.

Harriet sempre foi muito rebelde e inconformada com a condição de escrava. Ela sonhava com o Moisés que a conduziria até o Norte dos EUA: lugar onde ela poderia ser livre. Em 1835, ela foi apanhada em uma luta e atingida na cabeça com um peso de metal lançado pelo seu dono. Esse golpe profundo na testa quase a matou, nunca sarou e lhe causou constantes dores de cabeça, ataques epilépticos, poderosa atividade visionária e de sonho, e crises de hipersonia que ocorreram durante sua vida inteira. Mas, ela sobreviveu!!

Em 1844, ela conseguiu permissão do seu dono para se casar com John Tubman, um homem negro livre. Ela vivia então em semi-escravidão, poderia viver com o seu marido na casa dele, mas ainda pertencia ao seu dono. Mesmo sem o apoio do marido, Harriet fugiu de casa, sem comida, sem dinheiro, sem saber para onde ir, acompanhada de três dos seus irmãos. Os irmãos desistiram e acabaram voltando para trás. Mas Harriet acabou fugindo sozinha. Ela disse:

“Tenho o direito à liberdade ou à morte. Se eu não puder ter uma, terei a outra.”

E em 1849 ela alcançou a liberdade na Philadelphia. Sobre o gosto da liberdade, ela disse:
“O sol vinha até mim como se fosse ouro, através das árvores e dos campos. Sentia-me no céu."

Mas ela não queria ser livre sozinha e retornou a Maryland várias vezes para resgatar a sua família. Para isso ela utilizou a rede de ativistas abolicionistas e abrigos conhecida como "Underground Railroad". Ela trabalhava como condutora do Underground railroad e realizou dezenove viagens para conduzir cerca de trezentos escravos à liberdade.


O Underground Railroad é um símbolo muito importante na história da liberdade dos escravos dos EUA. Estima-se que cerca de 100.000 escravos fugiram com a ajuda dessa rede abolicionista.

Harriet se orgulhava de "nunca ter perdido nenhum passageiro". Como armas ora ela se disfarçava de velhinha frágil ou então de homem. Ela usava as canções como um código secreto. Quando era seguro sair dos esconderijos, ela cantava uma canção alegre; Ela tinha uma voz profunda e rouca, que era facilmente reconhecível pelos foragidos.

Hundreds of miles we traveled onward
Gathering slaves from town to town
Seeking every lost and found
Setting those free that once were bound
Somehow my heart was growing weaker
I fell by wayside sinking sand
Firmly did this lady stand
Lifting me up and taking my hand

Um pouco do horror da escravidão pode ser vista nesse musical sobre Harriet Tubman. Nesse vídeo, eles encenam um leilão de escravos. Bonito, triste, chocante e deprimente!




Durante a guerra civil americana, Harriet trabalhou para o exército do Norte como cozinheira, enfermeira, batedora e espiã. Ela foi a primeira mulher a liderar uma expedição armada na guerra e guiou o ataque no rio Combahee, que libertou mais de setecentos escravos! Danada essa Harriet, não? Lembre-se que estamos falando aqui de 1860!!!!


Com o fim da guerra, Harriet foi, ainda, ativa militante no movimento para o sufrágio feminino. No fim da vida, foi tomada por uma doença e se internou em uma clínica para idosos afro-americanos que ela mesma havia ajudado a abrir anos antes.

Ela morreu em 1913, mas se tornou imortal ao virar um ícone americano de coragem e de liberdade.

Esse trabalho de libertação lhe rendeu o apelido de "Black Moses", em referência a “Moisés” e sua caminhada de libertação dos israelitas da escravidão egípcia rumo a Canaã, a Terra Prometida.

Who are these people dressed in red?
They must be the ones that Moses led

A música que motivou esse post pode ser vista em versão à capella nesse vídeo do YouTube.



Comedias da vida privada de um doutorando bolsista









Esse post é em homenagem a Soraya e Wagner que vão ter que caprichar no make up hoje para impressionar a comissão CAPES. Battle on, guys!



P.S.: clique na imagem para visualizar em tamanho maior.
all images © Jorge Cham (www.phdcomics.com)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Mentes perigosas: precisamos viver com medo das pessoas?


Encontrei semana passada esse livro em cima da minha mesa no CPD..

Mentes Perigosas: O psicopata mora ao lado
da psicanalista Ana Beatriz Barbosa Silva...

quem me conhece sabe que esse assunto sempre despertou minha atenção (veja o post em que falo sobre isso "All Beauty must die - Toda beleza deve morrer...") e que um dos meus pânicos na vida é me tornar vítima de um psicopata.

O tema do livro é polêmico.. basicamente, ela trata com uma linguagem bem fácil de entender pelos leigos da questão de como entender, e aprender a reconhecer um psicopata.. e uma das coisas interessantes é que nós temos a tendência a achar que um psicopata é alguém com cara de louco, sedento por sangue, e doido para matar.. em geral, associamos aos serial killers.. bem, estamos enganados.. na verdade, em geral, todo serial killer é um psicopata.. porém, apenas uns 10% dos psicopatas são serial killers.. a grande maioria dos psicopatas não mata, não esfola, não degola.. mas fere, atormenta, destrói: vidas, sonhos, esperanças... e deixa ao seu redor uma mancha de destruição, que para as vítimas pode jamais cicatrizar..
a parte boa é que, em geral, os psicopatas representam apenas uns 4% da população mundial.. 3% são homens e 1% de mulheres..

a definição que ela dá para o psicopata é basicamente um indivíduo com uma elevadíssima capacidade racional e uma baixíssima ou quase nenhuma capacidade emocional.. é aquele que sabe o que quer, e que elimina tudo o que está no seu caminho para chegar aonde quer.. e o pior de tudo, sem qualquer pingo de remorso..
é uma pessoa totalmente desprovida de consciência e, por isso mesmo, incapaz de amar..
"Ser consciente é ser capaz de amar"


Dentre as principais artimanhas do psicopata está:

  • em geral são pessoas sedutoras, envolventes, que articulam bem, sabem inventar histórias como ninguém, e contam mentiras de uma maneira que todos podem jurar que é mesmo verdade, e sustentam essa mentira, sem se abalar mesmo se forem desmascarados.. descaradamente, inventam outra mentira para justificar a anterior e vão em frente;

  • porém, podem perder o controle em situações banais.. possuem grande agressividade.. então atenção a reações muito agressivas, e principalmente, desprovidas de sentimento e emoçao, daquela pessoa super interessante que você acabou de conhecer;


  • são egocêntricos e só conseguem visualizar suas próprias necessidades;

  • não têm remorsos, sentimentos de culpa, e podem dormir tranquilos e serenos, mesmo tendo ferrado completamente a vida de alguém, física ou mentalmente;

  • e sempre usam da ingenuidade e fragilidade emocional das suas vítimas.. quanto mais emotivo for a pessoa, mais uma vítima em potencial;


"Eles podem arruinar empresas e famílias, provocar intrigas, destruir sonhos, mas [em sua maioria] não matam. E, exatamente por isso, permanecem por muito tempo ou até uma vida inteira sem ser descobertos ou diagnosticados. Por serem charmosos, eloqüentes, ‘inteligentes’, envolventes e sedutores, não costumam levantar a menor suspeita de quem realmente são. Podemos encontrá-los disfarçados de religiosos, bons políticos, bons amantes, bons amigos. Visam apenas benefício próprio, almejam o poder e o status, engordam ilicitamente suas contas bancárias, são mentirosos contumazes, parasitas, chefes tiranos, pedófilos, líderes natos da maldade"


enfim...
eu confesso que apesar de saber do mal que existe no mundo, é complicado.. imaginar que você tem que estar sempre a toda hora e a todo instante atenta a quem aparece na sua vida.. e com medo de confiar.. e consequentemente medo de amar...



mas é o alerta que o livro dá: ficar atento! não há outro jeito!
a única solução é tentar reconhecer o mais rápido possível o psicopata que está ao nosso lado e, se o encontrar, correr exatamente para a direção oposta!!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Comédias da vida privada de uma recém-doutora




Pq sempre tem um PhD Comic que cabe certinho pra você



E porque alunos são todos iguais não importa em que parte do mundo você esteja!



Fonte dos comics:
http://www.phdcomics.com
(pq só o humor salva!)

terça-feira, 2 de junho de 2009

Canto para a minha morte


Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos...
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir...
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez

A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?


Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio de um copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?



Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?



Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim

E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida


Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas...
Um acidente de carro.
O coração que se recusa a bater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida,
a ferida mal curada,
a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido,

ou até, quem sabe......

Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...



Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que as minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente um outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem e nos meus filhos
Na palavra rude que eu disse para alguém que eu não gostava



E até no uísque
que eu não terminei de beber
aquela noite...







Este post é dedicado às vítimas, parentes e amigos das vítimas do vôo 447 Rio-Paris da Air France...
Porque desde a tragédia, não consigo parar de pensar neles
e de imaginar que qualquer um de nós poderia embarcar em uma aeronave daquelas..

que a nossa vida tenha tido sentido e tenha valido a pena!



Letra da música "Canto para a Minha Morte", de Raul Seixas e Paulo Coelho, gravada no álbum "Há Dez Mil Anos Atrás" (1976).

domingo, 31 de maio de 2009

Tocando para mudar: paz através da música



Música é aquilo que abre as portas para conectar as pessoas.
Política e religião tendem a colocar as pessoas em lados separados...
Mas, a música tem o poder de unir a todos!

A linguagem da música é universal, entendida por qualquer um. Com a música você pode atingir todo o mundo. As pessoas vão te escutar e vão te entender, não importa onde você esteja.

Foi com esse conceito na cabeça que o produtor e diretor Mark Johnson viajou com a sua equipe ao redor do mundo e registrou músicos todos executando a mesma música: África, Índia, Tibet, América do Sul, América em geral, Europa... todos unidos pela mesma linguagem: a musical, a que toca direto no coração!


O resultado desse trabalho são vídeos musicais dos mais lindos e comoventes. Uma qualidade musical impressionante! A maioria dos músicos não se conhece pessoalmente. Esse trabalho vai virar um documentário (mal posso esperar para vê-lo na telona) e do lado social, eles também vêm fazendo um trabalho lindo: construindo escolas, criando cursos de música, oferecendo recursos para projetos musicais, dando esperança a comunidades muito pobres e carentes, dando visibilidade a artistas talentosos, mas sem recursos para se promover.

O primeiro vídeo produzido foi da linda música do imortal John Lennon "Stand by Me". como ele fala no início do vídeo:
"Esta música diz que não importa quem você seja, não importa onde você vá na sua vida, não importa o quanto de dinheiro você tenha, não importa a quantidade de amigos que você tenha... em algum momento da sua vida.. você vai precisar de alguém que fique ao seu lado"


“No matter who you are
No matter where you go
In life
You’ll need somebody
To stand by you
No matter how much money you got
Or the friend you got
You gonna need somebody to stand by you

When the night has come
And the land is dark
And the moon is the only light we’ll see
No I won’t be afraid, no I won’t be afraid
Just as long as you stand, stand by me"

sexta-feira, 29 de maio de 2009

E morra o "jeitinho brasileiro"!!! \o/

Uma das coisas que me chamou a atenção no meu séjour na França foi comprovar (a partir da observação do comportamento da média dos franceses) como a maioria dos brasileiros não tem o menor pudor em burlar pequenas regras e cometer "pequenos" delitos.. mas tem uma dificuldade gigantesca em brigar verdadeiramente pelos seus direitos. Quem briga pelos direitos é chato.. quem comete pequenas malandragens.. ah, bem... não tem nada demais, né? Ou tem??

Na Wikipedia encontrei o seguinte texto (com algumas pequenas adaptações) sobre um produto tipicamente made in Brasil: O Jeitinho Brasileiro.

"Jeitinho" é uma expressão tipicamente brasileira e representa um modo de agir usado para driblar normas e convenções sociais.
Em geral, é uma forma de navegação social tipicamente brasileira, onde o indivíduo pode usar recursos emocionais, como apelo e chantagem emocional, laços emocionais e familiares, recompensas, promessas, dinheiro, e outros, visando obter favores para si ou para outra pessoa.
Às vezes pode ser confundido com suborno ou corrupção.
O indivíduo em geral, sabe que não é certo fazer determinada coisa e a faz. Porém, quando chega a punição é "dado um jeitinho" de se esquivar da responsabilização pelo ato, algo como "varrer a sujeira para baixo do tapete".

Alguns exemplos desses "pequenos" pecados:

  • Pagamento de taxa, para ser aprovado no exame para tirar a carteira de motorista, mesmo não sabendo dirigir com segurança.

  • Dar dinheiro para o guarda de trânsito anular a multa. Normalmente, para não ser preso ou não pagar a multa, usa-se a frase "tem como dar um jeitinho?"

  • Deixar tudo para a última hora: pagamentos, inscrições e, também, responsabilidades.

  • Considerar que o honesto é um paspalho e que o malandro é o bonzão. Tratar honestidade com desprezo e louvar o "se dar bem" como um estilo de vida.

  • Trabalhar pouco e querer ganhar muito, querer que os outros trabalhem em seu lugar e que paguem suas despesas.

  • Baixar músicas, filmes ou ter softwares pirateados, e não pagar um só centavo aos produtores.



Adeptos do jeitinho brasileiro e da Lei de Gerson (a tal do levar vantagem em tudo) são os responsáveis diretos pela onda de corrupção explícita que reina nesse país.

Sonho com o dia em que ser ético seja legal, e que devolver uma carteira cheia de dinheiro ao verdadeiro dono não seja visto como ato de heroísmo!



Precisamos dar um jeito no "jeitinho"!

Ética Já!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Dina Tavares: um pedacinho da sofisticação francesa na ginga da Bahia


"Mesdames et messieurs! pardonez-moi de vous déranger pendant votre trajet..."


Esta semana fui a um show absolutamente lindo demais, com uma artista meio baiana, meio francesa, totalmente brasileira e globalizada, chamada Dina Tavares.
O local escolhido para o show já era um luxo só.. um espaço alternativo, com cheirinho de arte por todos os poros.. a pirâmide cultural do Rio Vermelho. Gente diferente e, por isso mesmo, bonita de se ver, em um cantinho super intimista, no restaurante Tom do Sabor.

Conheci o talento de Dina da maneira mais agradável possível, durante as gravações de vozes para o coro em um disco de um amigo em comum. Ali, participando com ela do processo criativo de arranjos de canções, já percebi o seu talento e amor pela música.. as interações eram sempre muito ricas.. era um privilégio enorme dividir o mesmo espaço e microfone com ela e ver como funciona as "viagens" de um artista da música em processo de criação.. como surgem as idéias, as inspirações.. e como coisas aparentemente sem muito sentido, a princípio, viram magia quando aplicadas no tempo e tom certos..

e foi com essa predisposição que fui ao show de Dina.. não me surpreendi com a beleza do trabalho... não esperava nada diferente em termos de qualidade e novidade.. o que me surpreendeu ou me causou muita emoção, foram os cuidados com os detalhes.. a sutileza das canções.. o luxo dos arranjos e instrumentos.. a qualidade dos músicos que a acompanha.. a felicidade e talento dela totalmente expostos.. e a mistura totalmente casada da sofisticação francesa, presente na maioria das letras, com a ginga baiana/brasileira, que dava o tom das melodias... até parecia que o nosso ritmo foi feito para também ser cantado em francês.. quem não entendia nada de francês até conseguia acompanhar junto.. e mesmo não sabendo todas as palavras sabiam exatamente do que se tratava.. e se não soubesse, se emocionava do mesmo jeito..

difícil enumerar o que foi mais bonito no show.. fico com o conjunto da obra.. Dina feliz, leve, transmitindo essa alegria em estar de volta à casa... ela muitas vezes em suas canções fala sobre o frio do inverno europeu e das angústias de ser uma estrangeira.. e muitas vezes somos também estrangeiros ao voltar pra casa.. entendo bem o que ela canta, já passei por isso.. também sei quem eu sou, mas não sei mais de onde vim..

Para quem não conhece, vale a pena conhecer..
Baianos! nova chance de ver Dina no Teatro Gamboa Nova, dias 10 e 17 de junho.. Imperdível!

nesse mundo de "arrochas", "Kellies Keys", vulgaridades nas letras, pobreza de arranjos e apologia ao emburrecimento, é um bálsamo ouvir música desse nível feita com tanto cuidado..
mas é preciso ter ouvidos atentos, que não apenas escutem, mas ouçam..

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Belém: Isso aqui é um pouquinho de Brasil iáiá..


A Região Norte do Brasil sempre foi uma terra estrangeira pra mim. Parecia sempre tão distante e inacessível!
A exemplo de muitos dos meus conterrâneos brasileiros, que vivem mais próximos desse lado de cá do Atlântico, sempre vi essa região com olhares (devo confessar, com uma certa vergonha) preconceituosos. Imaginava um lugar de muita pobreza, subdesenvolvido, sem atrativos realmente interessantes pra ver ou fazer... não fazia realmente parte dos meus sonhos de consumo turísticos..
Inclusive, tenho uma amiga que pelos idos de 2000, quando eu partia para o mestrado na cidade maravilhosa (essa sim, berço da civilização, aos meus olhos), ela partia para Belém para ganhar um salário dos sonhos trabalhando com computação para celular. Na época, eu pensei que o alto salário não pagava o alto custo de se isolar em uma região tão pouco atraente...

Bem, ledo engano. Ignorância total!!



Hoje, quase 10 anos depois, essa minha amiga já não está mais em Belém e eu estou de volta ao ponto exato de onde parti. E com os olhos que tenho hoje, finalmente pude dar cores às imagens ofuscadas que tinha dessa rica e interessantíssima região, à qual eu só conhecia "de ouvir falar".

E qual não foi a minha grata surpresa!! Belém é uma cidade que merece ser vista, ouvida, sentida, cheirada, mas principalmente saboreada!

Uma profusão de cores, sabores, texturas, aromas (o cheiro do Pará), histórias, cultura, sensualidade com as suas danças típicas e lendas como a do boto cor de rosa (até hoje, tem pessoas que juram serem filhos do boto).



O cheiro da Amazônia é sentido por todo o lado no Mercado Ver-o-Peso, com a sua diversidade de essências, plantas e frutas, totalmente exóticas, das quais nunca ouvi falar e nem provar, como o bacaba, bacuri, pupunha, tucumã, murici, piquiá e taperebá. E outras que são nossas velhas conhecidas como açaí (o ouro negro do Pará), cupuaçu e castanha-do-pará.

E os sabores da riquíssima cozinha paraense (para mim comparável, no Brasil, em riqueza de sabores apenas à culinária baiana). O tacacá, tucupi, derivados da maniva (folha da mandioca, que tem que ser cozida por pelo menos 4 dias para retirar todo o ácido cianídrico que ela contém, um veneno que pode levar à morte por intoxicação - impossível não tentar imaginar quantos índios morreram envenenados até que conseguissem identificar o ponto exato do cozimento dessa folha), o vatapá paraense (que mais parece o nosso bobó de camarão baiano com coentro, mas igualmente muito saboroso)..


e os peixes!!
Ah, os peixes de Belém merecem uma atenção especial!!
Nunca, jamais passe por Belém sem provar os maravilhosos peixes de lá!! Como ficar indiferente ao Pirarucu, à .. e ao imbatível "Filhote", o grande orgulho deles. Não pense que estamos sendo ecologicamente incorretos ao comer um Filhote! não! não se trata de um bebezinho de peixe (minha diretora, inclusive, só aceitou comer o peixe quando se certificou de que não se tratava de um peixe-bebê)..

"Filhote" na verdade é um peixe que pode pesar até 40Kg! Um peixão chamado Piraíba, pode atingir até 300Kg!! Quando esse peixe está nos seus 20Kg a 40Kg ele é o tal "Filhote". A carne da Piraíba adulta não é muito apreciada porque ela fica fibrosa. E a carne da Piraíba "Filhote" é extremamente suculenta, macia e gostosa!! Tipo assim: Imperdível! Te desafio a me provar que já comeu peixe igual!



Do lado negativo, um ponto que me marcou bastante nessa ida a Belém foi visitar as duas margens opostas do Rio que circunda Belém. De um lado a riqueza dos pontos turísticos muito bem espelhada na exuberância burguesa da Estação das Docas. Do lado exatamente oposto de Belém, as ruas de palafitas. Casas, comércios, garagens, tudo construído com madeiras em cima de um córrego que passava. Poderia ser fashion, como uma Veneza brasileira, mas não me soou dessa forma. Fiquei um pouco chocada e imaginando como seria o dia a dia daquela quantidade enorme de pessoas. Em um novo retorno a Belém gostaria de explorar melhor essas características da cidade para entender um pouco mais.


Um outro fato marcante foi ter tido a oportunidade de conhecer um pouco mais da população ribeirinha... aqueles que vivem em comunidades às margens do Rio.. em um passeio pelos furos e igarapés pude ver de perto como é a vida desse povo que sabe bem a importância da natureza para a sua sobrevivência.

mas, fato é que antes de conhecer Belém, nunca, jamais, fez parte dos meus sonhos de consumo ir até a Região Norte. E agora, depois de ter passado rapidamente por lá, mal posso esperar pela hora de voltar, dessa vez como turista e encarar a região Amazônica em toda a sua essência e explorar melhor os grandes atrativos dessa cidade encantadora. Assim como suas lendas, com o boto e a morena do carimbó, seus artesanatos marajoara, e a sabedoria indígena e do povo ribeirinho, que dá aulas ao doutor sobre como viver em comunhão intensa com a natureza.




Algumas das fotos que tirei em Belém estão em:
http://picasaweb.google.com.br/vaninha.vieira/WorkshopDeTIBelemDoPara#

Outras fotos lindas de Belém podem ser encontradas nesse site:
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=861806

Veja no vídeo abaixo uma amostra da música e dança do Pará, na lenda do Boto Cor de Rosa. Repare na sensualidade da dança! Devo confessar que lá no Pará, durante a apresentação que assisti eu também fui uma das vítimas do boto!! :-)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Santiago do Chile: Impressoes sobre a cidade e a vida jovem de albergues...



Uma das coisas que me chamam a atenção quando nos hospedamos em albergues da juventude em países estrangeiros é a riqueza de culturas às quais somos expostas. Aproveitar essa oportunidade de interação é um momento único para refletir sobre nós mesmos a partir da observação do outro: suas visões, suas culturas, seus valores, seus medos, seus anseios, seus sonhos, seus encantos.


Nessa ida a Santiago do Chile, o que ficou mais vivo em minha memória não foi a Plaza de Armas e o ir e vir de pessoas e turistas, e os velhinhos jogando xadrez... não foi a maravilhosa rua Lastarria, com seus cafés, teatros, galerias, lojas de artesanato e artistas de biotipos os mais diferentes..

não foi a agitada Bellavista, com seus dias calmos de casas coloridas, e suas noites animadas, cheias de gente querendo se divertir e amar livremente..


não foi o culto à poesia, estampada em paredes, menus, livros, revistas, calçadas, por meio dos versos inspiradores de Pablo Neruda, e suas casas que por si só são pura poesia e declarações de amor à sua Matilde (La Chascona)..

não foi o Mercado Central e a imensa variedade de mariscos, moluscos, peixes e crustáceos, dos quais certamente nunca ouvimos falar aqui no Brasil (alguém aí já comeu um Centollas, Locos, Cangrio, Ceviche, ... ? se não, deve!!)


não foi a visão poluída de um Andes quase invisível visto do alto do Cerro Santa Lucía, ou das luzes de uma moderna Santiago vista à noite do Cerro San Cristóbal...


não foram as diversas peças de jóias e artesanatos feitos em Lapis Lázuli, uma pedra azul que só existe no Chile e no Afeganistão...



não foram as pratarias mapuches, lembranças de um povo orgulhoso e guerreiro, que dominou essas terras antes que o Pedro Valdívia e sua trupe lá chegassem, a partir dos Andes..

não foram as várias imagens dos Moais que lembram a integração da Ilha de Páscoa ao território chileno..



não foi a hipocrisia de um povo ultra conservador, altamente influenciado pela igreja, e que toma café às 10 da manhã servido por jovens moças de pernas expostas e pinturas fortes, em trajes bastante ousados, aos olhares gulosos dos homens de negócios nos seus ternos, nos famosos "Café con piernas"...


não foram as impressionantes múmias do Museu Pre-Colombino, quase 2000 anos mais antigas do que os exemplares egípcios.. e o vasto acervo histórico, artístico e cultural sobre esse povo incrível que habitou os Andes muito antes dos europeus aqui chegarem..

não..

o que eu vou levar mais forte dentro de mim dessa viagem, dessa experiência, foi vivido na rua Monjitas, 506, exatamente em frente à saída do metrô Bellas Artes: o Andes Hostel. Ali, durante 7 dias pude conhecer, conviver e me encantar com uma diversidade de pessoas e acontecimentos que tornaram a visita a Santiago não apenas um momento de lazer e turismo, mas uma experiência forte de auto-análise e auto-conhecimento. Nesse período, passaram pelo quarto 32:

- brasileiras (muitas!) em viagem de turismo (aproveitando o 21 de abril e o 23 de abril para as cariocas - feriado de São Jorge, pra quem não sabe) ou em viagens de trabalho (como eu);

- indiana nascida nos EUA que abandonou emprego, namorado indiano, apartamento, móveis, família e se lançou por 6 meses em busca de si mesma em uma viagem pela América do Sul enquanto reflete se deve ou não ceder aos apelos culturais para realizar um típico casamento indiano;

- galesa de 18 anos que, falando um inglês quase incompreensível para nós latinos, enfrenta os desafios de desbravar sozinha novos horizontes, em uma experiência de 6 meses antes de começar a faculdade.. é o jeito deles de conhecer melhor sobre si mesmo e o mundo, antes de começar a vida adulta..

- alemã vinda de 6 meses no México, e há um ano longe de casa, que cansada da vida sem graça de farmacêutica, resolve se lançar pela América Latina, e para mergulhar na cultura local mais fortemente resolve trabalhar em fazendas de produtos agrícolas em troca de casa e comida;

- sul coreana viajando pela primeira vez, encantada com a espontaneidade latina;

- canadense morando nos EUA, que sempre responde à pergunta de onde você é dizendo sou do Canadá, antes de dizer: moro nos EUA.. pois sabe q ser norte-americana em terras latinas nunca é muito fácil.. o legado Bush ainda deixou suas marcas..

- escocesa, artista de rua, a diferente da família, que admira os trabalhos dos artistas de muro de São Paulo, tido como um dos melhores do mundo, e que me fez parar para observar com mais atenção os muros pichados, ops pichados não.. as artes expostas nos muros da cidade.. ao me explicar o quão difícil e planejado são essas pinturas não posso mais ficar indiferente a elas ao andar pelas cidades cinzentas..


- e além das meninas do 32, chilenos (a recepcionista mal humorada, frustrada em não poder exercer sua profissão de psicóloga), muito mais brasileiros, australianos, ... completam a torre de Babel..

Esses encontros com conversas altamente intensas em trocas de experiências, me levaram a refletir sobre valores, culturas, sobre o que é bom e o que é ruim em cada localidade, e especialmente o que é bom e o que é ruim em ser latina em geral, e brasileira em particular.



A conclusão a que cheguei foi: preciso sair mais vezes do Brasil e preciso mesmo fazer uma aventura dessas de me lançar por um mês, dois ou muito mais passando por diferentes países, vivendo mais dessa vida louca vida jovem de albergues. E gostaria, muito, de escrever um livro que fale sobre essas pessoas, esses jovens tão corajosos e tão ricos em vivências e sentimentos, e como esse tipo de viagem é capaz de mudar a vida de uma pessoa para sempre..



A pensar!

(Mais fotos disponíveis em http://picasaweb.google.fr/vaninha.vieira/SantiagoChile)

"Take me out tonight
Where there's music and there's people
who are young and alive
Driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one anymore"