segunda-feira, 25 de maio de 2009

Belém: Isso aqui é um pouquinho de Brasil iáiá..


A Região Norte do Brasil sempre foi uma terra estrangeira pra mim. Parecia sempre tão distante e inacessível!
A exemplo de muitos dos meus conterrâneos brasileiros, que vivem mais próximos desse lado de cá do Atlântico, sempre vi essa região com olhares (devo confessar, com uma certa vergonha) preconceituosos. Imaginava um lugar de muita pobreza, subdesenvolvido, sem atrativos realmente interessantes pra ver ou fazer... não fazia realmente parte dos meus sonhos de consumo turísticos..
Inclusive, tenho uma amiga que pelos idos de 2000, quando eu partia para o mestrado na cidade maravilhosa (essa sim, berço da civilização, aos meus olhos), ela partia para Belém para ganhar um salário dos sonhos trabalhando com computação para celular. Na época, eu pensei que o alto salário não pagava o alto custo de se isolar em uma região tão pouco atraente...

Bem, ledo engano. Ignorância total!!



Hoje, quase 10 anos depois, essa minha amiga já não está mais em Belém e eu estou de volta ao ponto exato de onde parti. E com os olhos que tenho hoje, finalmente pude dar cores às imagens ofuscadas que tinha dessa rica e interessantíssima região, à qual eu só conhecia "de ouvir falar".

E qual não foi a minha grata surpresa!! Belém é uma cidade que merece ser vista, ouvida, sentida, cheirada, mas principalmente saboreada!

Uma profusão de cores, sabores, texturas, aromas (o cheiro do Pará), histórias, cultura, sensualidade com as suas danças típicas e lendas como a do boto cor de rosa (até hoje, tem pessoas que juram serem filhos do boto).



O cheiro da Amazônia é sentido por todo o lado no Mercado Ver-o-Peso, com a sua diversidade de essências, plantas e frutas, totalmente exóticas, das quais nunca ouvi falar e nem provar, como o bacaba, bacuri, pupunha, tucumã, murici, piquiá e taperebá. E outras que são nossas velhas conhecidas como açaí (o ouro negro do Pará), cupuaçu e castanha-do-pará.

E os sabores da riquíssima cozinha paraense (para mim comparável, no Brasil, em riqueza de sabores apenas à culinária baiana). O tacacá, tucupi, derivados da maniva (folha da mandioca, que tem que ser cozida por pelo menos 4 dias para retirar todo o ácido cianídrico que ela contém, um veneno que pode levar à morte por intoxicação - impossível não tentar imaginar quantos índios morreram envenenados até que conseguissem identificar o ponto exato do cozimento dessa folha), o vatapá paraense (que mais parece o nosso bobó de camarão baiano com coentro, mas igualmente muito saboroso)..


e os peixes!!
Ah, os peixes de Belém merecem uma atenção especial!!
Nunca, jamais passe por Belém sem provar os maravilhosos peixes de lá!! Como ficar indiferente ao Pirarucu, à .. e ao imbatível "Filhote", o grande orgulho deles. Não pense que estamos sendo ecologicamente incorretos ao comer um Filhote! não! não se trata de um bebezinho de peixe (minha diretora, inclusive, só aceitou comer o peixe quando se certificou de que não se tratava de um peixe-bebê)..

"Filhote" na verdade é um peixe que pode pesar até 40Kg! Um peixão chamado Piraíba, pode atingir até 300Kg!! Quando esse peixe está nos seus 20Kg a 40Kg ele é o tal "Filhote". A carne da Piraíba adulta não é muito apreciada porque ela fica fibrosa. E a carne da Piraíba "Filhote" é extremamente suculenta, macia e gostosa!! Tipo assim: Imperdível! Te desafio a me provar que já comeu peixe igual!



Do lado negativo, um ponto que me marcou bastante nessa ida a Belém foi visitar as duas margens opostas do Rio que circunda Belém. De um lado a riqueza dos pontos turísticos muito bem espelhada na exuberância burguesa da Estação das Docas. Do lado exatamente oposto de Belém, as ruas de palafitas. Casas, comércios, garagens, tudo construído com madeiras em cima de um córrego que passava. Poderia ser fashion, como uma Veneza brasileira, mas não me soou dessa forma. Fiquei um pouco chocada e imaginando como seria o dia a dia daquela quantidade enorme de pessoas. Em um novo retorno a Belém gostaria de explorar melhor essas características da cidade para entender um pouco mais.


Um outro fato marcante foi ter tido a oportunidade de conhecer um pouco mais da população ribeirinha... aqueles que vivem em comunidades às margens do Rio.. em um passeio pelos furos e igarapés pude ver de perto como é a vida desse povo que sabe bem a importância da natureza para a sua sobrevivência.

mas, fato é que antes de conhecer Belém, nunca, jamais, fez parte dos meus sonhos de consumo ir até a Região Norte. E agora, depois de ter passado rapidamente por lá, mal posso esperar pela hora de voltar, dessa vez como turista e encarar a região Amazônica em toda a sua essência e explorar melhor os grandes atrativos dessa cidade encantadora. Assim como suas lendas, com o boto e a morena do carimbó, seus artesanatos marajoara, e a sabedoria indígena e do povo ribeirinho, que dá aulas ao doutor sobre como viver em comunhão intensa com a natureza.




Algumas das fotos que tirei em Belém estão em:
http://picasaweb.google.com.br/vaninha.vieira/WorkshopDeTIBelemDoPara#

Outras fotos lindas de Belém podem ser encontradas nesse site:
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=861806

Veja no vídeo abaixo uma amostra da música e dança do Pará, na lenda do Boto Cor de Rosa. Repare na sensualidade da dança! Devo confessar que lá no Pará, durante a apresentação que assisti eu também fui uma das vítimas do boto!! :-)

2 comentários:

Nancy Lyra disse...

Querida, post muito grande pra uma mestranda ler! hahahaha
Você não tem mais o que fazer depois do doutorado não? (calma, não responda, viu?)
Beijooooooooooooooooooooooooo, Vanis! Saudade de nossas conversas e emails.

Wagner disse...

Ah, que bom ler sobre minha terra no seu blog! Deu saudade de lá!
Beijos!