domingo, 21 de junho de 2009

Comédias da vida privada de uma recém doutora: Elaborar projeto de pesquisa em pleno São João



São João no Nordeste é uma data sagrada. Para mim São João é ainda melhor do que carnaval. Especialmente quando eu podia ir pra Barra da Estiva. Friozinho da Chapada, comidinhas típicas e licor de laranja feitos por mainha, quentão, batata doce assada na fogueira, forró, família reunida, gincanas, quadrilha... Aqui na Bahia já é São João.. os fogos pela cidade e embaixo da minha janela que o digam..

E o que isso tem a ver com a vida de recém doutora?
bem, quando eu tava no doutorado me asseguraram que havia vida após o doutorado... essa foi a única forma de perseverar e não enlouquecer nos últimos meses da tese.. quem já viveu esse drama sabe bem do que estou falando.. a falta de controle da sua vida social, causada por um volume excessivo de culpa acadêmica, que te impede de fazer qualquer coisa que não tenha uma relação direta com a tese, as disciplinas ou qualquer outra coisa ligada a isso.. Claro que ficar no pc jogando paciência ou surfando na net pooode.. pq afinal de contas você está com o pc ligado e isso te causa uma falsa sensação de que você está trabalhando..

e cá estou, em pleno domingo véspera de São João, sem vontade alguma de trabalhar, mas paralisada pela culpa de ter que terminar um projeto de pesquisa. É bem óbvio que eu não vou conseguir, mas saber isso não é suficiente para me fazer sair da frente do pc, pegar o carro e ir para a estrada ou alguma arraiá... E aí, em um momento de procrastinação autorizada (surfando na net) me deparei com mais um PhD Comics feito especialmente para esse momento.. estou agora mesmo fazendo minha encomenda de Procrastin-X.. peça você também o seu e volte a ser feliz e a ter total controle sobre a sua vida social, sem culpas por não fazer absolutamente nada em um dia de domingo.







sexta-feira, 19 de junho de 2009

Seu nome é Harriet Tubman





Come on up, I got a lifeline come on up to this train of mine.

She said her name was Harriet Tubman
and she drove for the Underground Railroad..



Antes de fevereiro desse ano eu não fazia a menor idéia de quem vinha a ser a senhora Harriet Tubman. Até que chegou aos meus ouvidos uma das músicas de trabalho do Coronlaine que levava o seu nome, e cuja coreografia remetia a correntes, escravidão e libertação. Fiquei curiosa e fui atrás de mais informações sobre essa pessoa que iríamos interpretar. Você sabe quem foi Harriet Tubman?

Harriet Tubman na verdade nasceu batizada com o nome de Araminta Ross. O Harriet é o nome da sua mãe e Tubman é o sobrenome do seu primeiro marido. Ela nasceu escrava em 1820 em Maryland, EUA, como propriedade de Edward Brods, dono de uma plantação de cana.

Harriet sempre foi muito rebelde e inconformada com a condição de escrava. Ela sonhava com o Moisés que a conduziria até o Norte dos EUA: lugar onde ela poderia ser livre. Em 1835, ela foi apanhada em uma luta e atingida na cabeça com um peso de metal lançado pelo seu dono. Esse golpe profundo na testa quase a matou, nunca sarou e lhe causou constantes dores de cabeça, ataques epilépticos, poderosa atividade visionária e de sonho, e crises de hipersonia que ocorreram durante sua vida inteira. Mas, ela sobreviveu!!

Em 1844, ela conseguiu permissão do seu dono para se casar com John Tubman, um homem negro livre. Ela vivia então em semi-escravidão, poderia viver com o seu marido na casa dele, mas ainda pertencia ao seu dono. Mesmo sem o apoio do marido, Harriet fugiu de casa, sem comida, sem dinheiro, sem saber para onde ir, acompanhada de três dos seus irmãos. Os irmãos desistiram e acabaram voltando para trás. Mas Harriet acabou fugindo sozinha. Ela disse:

“Tenho o direito à liberdade ou à morte. Se eu não puder ter uma, terei a outra.”

E em 1849 ela alcançou a liberdade na Philadelphia. Sobre o gosto da liberdade, ela disse:
“O sol vinha até mim como se fosse ouro, através das árvores e dos campos. Sentia-me no céu."

Mas ela não queria ser livre sozinha e retornou a Maryland várias vezes para resgatar a sua família. Para isso ela utilizou a rede de ativistas abolicionistas e abrigos conhecida como "Underground Railroad". Ela trabalhava como condutora do Underground railroad e realizou dezenove viagens para conduzir cerca de trezentos escravos à liberdade.


O Underground Railroad é um símbolo muito importante na história da liberdade dos escravos dos EUA. Estima-se que cerca de 100.000 escravos fugiram com a ajuda dessa rede abolicionista.

Harriet se orgulhava de "nunca ter perdido nenhum passageiro". Como armas ora ela se disfarçava de velhinha frágil ou então de homem. Ela usava as canções como um código secreto. Quando era seguro sair dos esconderijos, ela cantava uma canção alegre; Ela tinha uma voz profunda e rouca, que era facilmente reconhecível pelos foragidos.

Hundreds of miles we traveled onward
Gathering slaves from town to town
Seeking every lost and found
Setting those free that once were bound
Somehow my heart was growing weaker
I fell by wayside sinking sand
Firmly did this lady stand
Lifting me up and taking my hand

Um pouco do horror da escravidão pode ser vista nesse musical sobre Harriet Tubman. Nesse vídeo, eles encenam um leilão de escravos. Bonito, triste, chocante e deprimente!




Durante a guerra civil americana, Harriet trabalhou para o exército do Norte como cozinheira, enfermeira, batedora e espiã. Ela foi a primeira mulher a liderar uma expedição armada na guerra e guiou o ataque no rio Combahee, que libertou mais de setecentos escravos! Danada essa Harriet, não? Lembre-se que estamos falando aqui de 1860!!!!


Com o fim da guerra, Harriet foi, ainda, ativa militante no movimento para o sufrágio feminino. No fim da vida, foi tomada por uma doença e se internou em uma clínica para idosos afro-americanos que ela mesma havia ajudado a abrir anos antes.

Ela morreu em 1913, mas se tornou imortal ao virar um ícone americano de coragem e de liberdade.

Esse trabalho de libertação lhe rendeu o apelido de "Black Moses", em referência a “Moisés” e sua caminhada de libertação dos israelitas da escravidão egípcia rumo a Canaã, a Terra Prometida.

Who are these people dressed in red?
They must be the ones that Moses led

A música que motivou esse post pode ser vista em versão à capella nesse vídeo do YouTube.



Comedias da vida privada de um doutorando bolsista









Esse post é em homenagem a Soraya e Wagner que vão ter que caprichar no make up hoje para impressionar a comissão CAPES. Battle on, guys!



P.S.: clique na imagem para visualizar em tamanho maior.
all images © Jorge Cham (www.phdcomics.com)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Mentes perigosas: precisamos viver com medo das pessoas?


Encontrei semana passada esse livro em cima da minha mesa no CPD..

Mentes Perigosas: O psicopata mora ao lado
da psicanalista Ana Beatriz Barbosa Silva...

quem me conhece sabe que esse assunto sempre despertou minha atenção (veja o post em que falo sobre isso "All Beauty must die - Toda beleza deve morrer...") e que um dos meus pânicos na vida é me tornar vítima de um psicopata.

O tema do livro é polêmico.. basicamente, ela trata com uma linguagem bem fácil de entender pelos leigos da questão de como entender, e aprender a reconhecer um psicopata.. e uma das coisas interessantes é que nós temos a tendência a achar que um psicopata é alguém com cara de louco, sedento por sangue, e doido para matar.. em geral, associamos aos serial killers.. bem, estamos enganados.. na verdade, em geral, todo serial killer é um psicopata.. porém, apenas uns 10% dos psicopatas são serial killers.. a grande maioria dos psicopatas não mata, não esfola, não degola.. mas fere, atormenta, destrói: vidas, sonhos, esperanças... e deixa ao seu redor uma mancha de destruição, que para as vítimas pode jamais cicatrizar..
a parte boa é que, em geral, os psicopatas representam apenas uns 4% da população mundial.. 3% são homens e 1% de mulheres..

a definição que ela dá para o psicopata é basicamente um indivíduo com uma elevadíssima capacidade racional e uma baixíssima ou quase nenhuma capacidade emocional.. é aquele que sabe o que quer, e que elimina tudo o que está no seu caminho para chegar aonde quer.. e o pior de tudo, sem qualquer pingo de remorso..
é uma pessoa totalmente desprovida de consciência e, por isso mesmo, incapaz de amar..
"Ser consciente é ser capaz de amar"


Dentre as principais artimanhas do psicopata está:

  • em geral são pessoas sedutoras, envolventes, que articulam bem, sabem inventar histórias como ninguém, e contam mentiras de uma maneira que todos podem jurar que é mesmo verdade, e sustentam essa mentira, sem se abalar mesmo se forem desmascarados.. descaradamente, inventam outra mentira para justificar a anterior e vão em frente;

  • porém, podem perder o controle em situações banais.. possuem grande agressividade.. então atenção a reações muito agressivas, e principalmente, desprovidas de sentimento e emoçao, daquela pessoa super interessante que você acabou de conhecer;


  • são egocêntricos e só conseguem visualizar suas próprias necessidades;

  • não têm remorsos, sentimentos de culpa, e podem dormir tranquilos e serenos, mesmo tendo ferrado completamente a vida de alguém, física ou mentalmente;

  • e sempre usam da ingenuidade e fragilidade emocional das suas vítimas.. quanto mais emotivo for a pessoa, mais uma vítima em potencial;


"Eles podem arruinar empresas e famílias, provocar intrigas, destruir sonhos, mas [em sua maioria] não matam. E, exatamente por isso, permanecem por muito tempo ou até uma vida inteira sem ser descobertos ou diagnosticados. Por serem charmosos, eloqüentes, ‘inteligentes’, envolventes e sedutores, não costumam levantar a menor suspeita de quem realmente são. Podemos encontrá-los disfarçados de religiosos, bons políticos, bons amantes, bons amigos. Visam apenas benefício próprio, almejam o poder e o status, engordam ilicitamente suas contas bancárias, são mentirosos contumazes, parasitas, chefes tiranos, pedófilos, líderes natos da maldade"


enfim...
eu confesso que apesar de saber do mal que existe no mundo, é complicado.. imaginar que você tem que estar sempre a toda hora e a todo instante atenta a quem aparece na sua vida.. e com medo de confiar.. e consequentemente medo de amar...



mas é o alerta que o livro dá: ficar atento! não há outro jeito!
a única solução é tentar reconhecer o mais rápido possível o psicopata que está ao nosso lado e, se o encontrar, correr exatamente para a direção oposta!!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Comédias da vida privada de uma recém-doutora




Pq sempre tem um PhD Comic que cabe certinho pra você



E porque alunos são todos iguais não importa em que parte do mundo você esteja!



Fonte dos comics:
http://www.phdcomics.com
(pq só o humor salva!)

terça-feira, 2 de junho de 2009

Canto para a minha morte


Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos...
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir...
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez

A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?


Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio de um copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?



Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?



Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim

E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida


Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas...
Um acidente de carro.
O coração que se recusa a bater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida,
a ferida mal curada,
a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido,

ou até, quem sabe......

Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...



Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que as minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente um outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem e nos meus filhos
Na palavra rude que eu disse para alguém que eu não gostava



E até no uísque
que eu não terminei de beber
aquela noite...







Este post é dedicado às vítimas, parentes e amigos das vítimas do vôo 447 Rio-Paris da Air France...
Porque desde a tragédia, não consigo parar de pensar neles
e de imaginar que qualquer um de nós poderia embarcar em uma aeronave daquelas..

que a nossa vida tenha tido sentido e tenha valido a pena!



Letra da música "Canto para a Minha Morte", de Raul Seixas e Paulo Coelho, gravada no álbum "Há Dez Mil Anos Atrás" (1976).