terça-feira, 20 de maio de 2008

As agruras de ter um nome incomum

Cena 1 [ext] (portaria de um edifício residencial)
V.: Bom dia, o Mauro, por favor?
porteiro: Seu nome, por gentileza?
V.: Vaninha
porteiro: Só um minuto... Sr. Mauro? a DONA VANIA está aqui...
V.: =/


Cena 2 [int] (solenidade de defesa - uma sala da UFPE)

presidente da banca: Daremos início agora à defesa de qualificação do doutorado da aluna Vaninha..... mas... é Vaninha mesmo!!?? achei que era Vânia!
(todos riem)
(V. dá um sorrisinho amarelo e pensa: até tu, Brutus??)


Cena 3 [ext] (Repartição pública. Fila para tirar RG)

funcionário: Seu nome, por favor?
V.: Vaninha Vieira
funcionário: Vaninha? Não seria Vânia?
V.: Não senhor, é Vaninha. Assim mesmo, no diminutivo (e pensa: acha que não sei o meu próprio nome??)
funcionário: Olha, vou falar com meu supervisor, mas acho que a senhora não vai poder tirar o seu RG não. Vaninha não é nome, é apelido!! Quem foi que registrou a senhora assim??
V.: =/
(e pensa: pra que lugar devo mandar o senhor mesmo??)
(e ainda: ah, mainha, minha mãe... porque?? me diga, porque??!!)



Cena 4 [int] (Uma academia de fisioterapia em Paris, França)

V.: Bonjour, je viens pour le kiné.
kiné: D'accord. Quelle est votre nom?
V.: Vaninha Vieira
kiné: Vániná? ah la la... comme la chanson de Dave?
V.: Quelle chanson? C'est qui Dave?
kiné: Tu ne connais pas?? Marcel!! Tu te souviens de la chanson de Dave, Vanina?
Marcel: "Vanina, rappeles-toi... Vanina, si tu m'oublies... Vanina ha ha ha..."
kiné: Oui, oui, exactement... Vanina ha ha ha ...
V.: ah bon? c'est genial!!! =/
(et pense: raios!! mas, nem na França???)

(tradução)
V.: Bom dia. Vim para a fisioterapia.
fisio: Ok. Qual é o seu nome?
V.: Vaninha Vieira
fisio: Vániná? ah la la... como na música de Dave?
V.: Que música? Quem é Dave?
fisio: Você não conhece?? Marcel!! Você se lembra da canção de Dave, Vanina?
Marcel: "Vanina, lembre-se... Vanina, se você me esquecer... Vanina ha ha ha..."
fisio: Sim, sim, isso mesmo... Vanina ha ha ha ...
V.: ah é é? que massa!!! =/ (e pensa: raios!! mas, nem na França???)

Pra quem quiser conhecer essa música breguíssima dessa figura ímpar chamada Dave, aqui está o vídeo.. Vanina.. eu mereço! E coincidência é que ela estourou justo no ano em que eu nasci!!


Esse post foi inspirado no PHD Comics da semana passada:


Dedico aos amigos Helô (que não é Heloísa), Therezinha (que não é Thereza), Silvinha (que não é Sílvia), Serginho (que não é Sergio), outras Vaninhas (sim sim existem outras!), Tom, Zeca, Fred, Moreno, Preta, Brisa, Manhã, Ed, e todos os que já foram vítima de alguma piadinha por portar um nome incomum...

12 comentários:

Unknown disse...

Vaninha, contente-se comigo que sou Melise mas já fui, Me-alise, Melissa, Melita, Armelisa, etc ... fora Melissa de tirinha, de bolinha e outras versões da sandália.

Nancy Lyra disse...

Certamente eu não teria problemas na França, mas aqui a coisa é meio complicada. E já foi pior, especialmente por conta do Y. Alguns juram que a tônica é o Nan, isso quando não escrevem com i. Ou ainda, quando americanizam o negócio e soltam um Nen.
Já fiz muita questão que me chamassem e escrevessem pelo nome correto (Nancy com Y, Lyra com Y) e detestava o meu probrecito nombre. Mas hoje, além de não me incomodar quando erram, adoro meu nome... talvez pelos ares franceses que ele exala. rsrs
E teu nome... bem, pra mim você é Vanis! :D

Unknown disse...

Van-Van (rsrs...brincadeira..ops!!)

É uma prazer passar neste "espaço-especial" !!

My name...hun... não está no diminutivo, mas o que achava ser curto e simples é sinônimo de pequeno e complexo! Erros ortográficos intensos. Trocam o S pelo Z , o I pelo Y ...(fico imaginando se existisse algo similar a letra "A". Será que alguém vai adotar o "@" ?? Não duvido!)
Conclusão: adotei a política do crachá da empresa "mais do que nunca" - o que não gostava muito, mas, vejo-o como alívio e economisa saliva! haha!!
:) Bjs, Laís!

Anônimo disse...

Ah, Vee, tu bem sabe...

O nome da gente vem sempre em duas versões: a por extenso e a soletrada. hehehehe.

Compartilhando contigo, eu já fui: Zepelin, Zafurim, Zanforline, Giarforcim (!!??), Zarfolin, tudo em documento, por escrito. :p

A última q eu passei foi sendo apresentada por um francês a outro:
- C'est Bel.
- C'est quoi son non?
- Bel! (com aquele sotaque no L)
- Belle? Prétentieuse, non? :)
e eu: =/ (putz)

Beijão! :*

pvf disse...

O meu caso mesmo de ouvir piadinha estah mais relacionado com meu uhltimo nome ... Aquela maldita muhsica do Tiririca ... "Florentina, Florentina ..."

Entao, certa vez, indo para uma entrevista de estahgio no Trt, o seguranca pegou meu Rg e, ao terminar de ler o meu nome, naum resistiu e deu uma risadinha de canto de boca ... Ainda mostrou pro colega ...

Carlos Pires disse...

Vania, toma um vinho rosé que passa. Bjs.

Vaninha disse...

Cadoca, com um vinho rosé chez Marco eu aceito ser chamada do q quiserem...

Helô disse...

Funcionária da UFSC liga pra minha casa. Atendo:
F: Gostaria de falar com o Hélio, da comissão de formatura.
Eu: Hélio? (segundos de confusão...) Não, minha senhora. É Helô. Sou eu. Do que se trata?
F: Não, Hélio.
Eu: Não, Helô. Da comissão de formatura da turma de computação, né?
F: Isso. Mas não é Hélio?
Eu: :@

E o sofrimento em cada primeira chamada de aula? Tudo porque as infames listas nunca são acentuadas. Quando os professores se deparavam com o meu nome, faziam uma tentativa mais criativa que a outra. Já teve hello (sim, o cumprimento em inglês ¬¬), Élo, Elo (paroxítona), e outros que eu sequer entendi: quando ele chamou o aluno seguinte que percebi que o meu nome já tinha passado (errado).

Mas quem me conhece as vezes tb passa por maus bocados:
Estou na parada esperando o meu ônibus. Passa um colega de trabalho, dentro de um ônibus, junto com a namorada. Ele me vê e comenta com ela:
Ele: olha, a Helô ali, que trabalha comigo!
Tapf! (bofetão)
Ela: que intimidade é essa com ela?
Ele: Ai! É o nome dela!
Ela: Sei!

Anônimo disse...

Pois é, nega... O pior, talvez é ter um nome comum como o meu (mais comum do que Roberta, quase impossível!) e insistirem em me chamar de Renata, Carol ou Fernanda (sim! Fernanada!), não me pergunte o porque...
As pessoas dizem que o meu nome não combina cmg, é mole??
Ahhh tudo culpa daquela música maldita: Roberta, perdona-me... lalala...
Grrrrrrrrrr!!
Eu sou logo sutil, tipo: Vai se queixar pro meu pai, ô! Foi dele a idéia de me chamar de Roberta!
Beijooooo!!
=****

P.S.: Ótima a idéia de um blog... em FRANCÊS!! ¬¬
Tsc, tsc, tsc...

Vaninha disse...

Robertinha,
o blog tá em francês por questões de preguiça minha.. todo meu pc tá em francês, inclusive as páginas do Google.. então quando fiz não mudei o idioma e foi ficando.. mas pense por dois lados positivos: (1) vc pode aprender algumas palavritchas em francês; e (2) podia ser em alemão né? rsrsrs

Beijao amore!! saudades d'ocê!

P.S.: Fernanda, nega??? q nada a ver!!! mas pra mim vc é e sempre será Little Corr!!! :p

Jonice Oliveira disse...

Nomes diferentes deveriam ser temas de estudos profundos na área de Sociologia. Sério... Porque quando se tem um nome diferente, ou ao se deparar com um, existem comportamentos sociais únicos.
O primeiro é que quando se tem um nome diferente você passa a não pronunciá-lo apenas, mas a soletrá-lo. Isto porque você já carrega a certeza de que a pessoa que vai ouvir ou escrever o seu nome vai errar. Isto é comum quando o dono do nome vai ter seus dados preenchidos por um atendente.
-Seu nome?
-Jonice. J-O-N-I-C-E.
Mesmo assim, 99% erram:
-Não moça, não tem este A no meio não... É JO-NI-CE.
Quem tem um nome diferente se acostuma com os constantes erros e variações do próprio nome. No meu caso, inúmeros: Deonice, Janice, Joanice, Joyce e lá vai... Até Jocineide, Jonicilda e Jocilda já sairam. O próprio Word ainda não aprendeu que o meu nome é Jonice e me sugere sempre “Jônico”. Isto leva a um segundo comportamento, que quando você vai se apresentar para alguém, o dono-do-nome-estranho não soletra, mas tenta falar o seu nome de maneira mais explicada, pausada e legível possível. Quase com a boca totalmente aberta... “Prazer, JO NI CE”. Mesmo assim não adianta.
Isto leva o dono-do-nome-estranho a desenvolver uma paciência indestrutível, além de técnicas de negociações imperceptíveis “Olha só... Nós vamos conseguir... Melhor pegar outra ficha pra esta não ficar muito rasurada... Vamos lá... Devagar J de Jacaré, O de Ótimo, N de Nariz...” e assim vai. A meta é ter o nome preenchido corretamente. E ele não sossega até conseguir! Acredito que donos-dos-nomes-estranhos deveriam ser contratados para carreiras diplomáticas ou de resoluções de conflito... São anos de treinamento diário. Somos persistentes.
Com o nome-estranho surgem também os apelidos... Incontáveis. Acredito que esta é uma tática utilizada pelos seres-de-nome-comum a se familiarizarem com o dono-do-nome-estranho. Tornarem-se mais íntimos, para uma convivência pacífica. Ou talvez seja a mais pura sacanagem. Prefiro acreditar na primeira hipótese.
No meu caso os apelidos surgiram em épocas e em fases diferentes.
Na primeira infância eu era pura e simplesmente “Jô”. No primeiro grau as coisas já começaram a complicar, fruto da criatividade típica das crianças. Além dos apelidos, sempre tinha uma gritaria quando uma nova professora pegava a lista de chamada pela primeira vez e gaguejava o meu nome. Era uma festa.
Isto me fez uma pessoa popular na escola, “nominalmente” falando. A cada descobrimento, novidade e fato histórico eu tinha mais um apelido. Já fui D. Jô VI, Jô-casta (quando aprendemos sobre Édipo Rei) e posteriormente cheguei até a ganhar um programa televisivo só meu: o Jô 11:30.
Logicamente também ganhei canções adaptadas, como:
“Hey Jô, não fique assim
Sabe a vida ainda é bela
Esqueça de tudo que aconteceu
Amanhã será um novo dia” (adaptação para a música do The Fevers)
Ou ainda
Thunder Thunder Thunder ThunderCats Jôôôôôôôôôôô (grito dos ThunderCats, famoso seriado na época).
Mas nada foi comparado quando uma nova professora de português, sem óculos, pega a chamada e pergunta: Seu nome é Judice?! Ferrou. Me tornei Judice até os 17 anos...
Chegando à faculdade, inaugurando a minha vida adulta, achei que estava livre dos apelidos... Ledo engano. No início da faculdade virei Jojô. No meu primeiro estágio, Jô-nice (pronuncia-se Jô Naice, é em inglês..rs..). Depois, no mestrado, as coisas se complicaram para Jonicete, Jow (este a Vaninha foi quem inventou), Ronice (criado pelo Manuel). No doutorado ainda tive Jay, Johaness, Jony, Janice (criado maldosamente por alguns alunos que acreditavam erroneamente que eu estava ficando igual ao meu orientador... Logicamente este apelido foi cortado rapidamente) e Jow-Jow (desta vez Vaninha foi inocente).
O bom de ter tantos apelidos é que quando vc. é chamada por um deles, vc. já faz uma filtragem, reconhece de onde conhece a pessoa, sem ao menos virar pra traz...
Com tudo isto o dono-do-nome-estranho começa a sentir que seu nome, por ser tão diferente, digamos original, só ele o tem. É como se o próprio nome fosse uma chave-primária, sendo desnecessário até os demais nomes de família para identificá-lo, CPF, Identidade, matrícula de onde trabalha, ... Pra que isto? Só vai ter eu mesmo aqui...
E esta ausência-de-alguém-com-o-mesmo-nome-estranho causa dois sentimentos paradoxais. O primeiro é uma soberania... Basta preencher o seu primeiro nome no vôo. Não há discussão “Tem mais alguém com este nome no avião? Não... Então!”. O segundo é um certo tipo de carência por você ser órfão de xarás. Isto causa uma reação engraçada ao encontrar um xará... Parece que são amigos que não se viam há anos. Querem saber a origem do mesmo nome, se foi idéia do pai ou da mãe, maiores detalhes sobre a pessoa (Trabalha em quê? Tem filhos?...), trocam contatos, etc... Alguns até se emocionam e controlam as lágrimas. Ali surge uma rede social das pessoas com o mesmo nome-estranho.
Quando trabalhava na Xerox recebi um e-mail, em inglês, de uma outra Jonice. Não lembro de que parte dos ‘States’ ela era, mas no e-mail ela falava alguma coisa mais ou menos assim “você reparou que na empresa inteira só tem nós duas com o mesmo nome?”. Pessoas-com- nome-estranho tem esta mania por procurar xarás no catálogo de e-mails da empresa, orkut, etc... Pura carência de xará. Trocamos uns dois ou três e-mails depois disto, o último no Natal.
De vez em quando eu recebo algum e-mail de xará ou mensagem no Orkut...
A cena mais engraçada foi quando eu estava comprando chocolates na Americanas. Vem um funcionário e grita comigo “Joniceeeeeee!!!! Por que ainda não arrumou os biscoitos???”. Fiquei olhando pra cara dele... E a moça do meu lado responde “Porque estou arrumando os chocolates!!”. Olho o crachá da moça, lá estava o meu, o nosso nome: JONICE. Aquela cena patética. Não me contive: “Iiiihhh... Você se chama Jonice? Eu também!!!”. E ali começamos o papo, com o gerente olhando pra nossa cara, esperando. No final ela olha pra ele e diz “Olha... Ela também é Jonice”. Acho que foi uma ameaça, algo do tipo: “Cuidado, aqui somos maioria”.
Amigos ou parentes de pessoas-com-nome-estranho também são solidárias. “Você se chama Jonice? Ahhh... A prima da cunhada de um amigo meu também tem este nome...”. “Jonice, com ô? Tem certeza?”. “Sim... tenho certeza”.
Uma família inteira, ao saber que eu era xará de um membro da família que estava no Sul, fez uma festa... Foi em Copacabana. Contaram histórias (ou será estórias?..rs..), me convidaram pra tomar cerveja e no final todos tiraram uma foto COMIGO para enviar para a minha xará Jonice... Que situação.
Mas lembrem-se... O dono-do-nome-estranho ama o seu nome e não ouse dissuadi-lo disto. Uma vez estava em uma conferência e o meu crachá veio escrito Janice (com A). Chamei a recepcionista e expliquei.
-Meu nome é Jonice, com O. Por favor, poderia trocar o crachá?
-Mas é uma letrinha só... Você se importa de ficar com ele?
-Claro que não MARIA. Ficou com ele sim, MARIA.
-Meu nome é MARTA.
-Tá vendo com uma letrinha só em um crachá faz toda a diferença?
A mulher saiu com cara de poucos amigos e foi fazer o meu novo crachá. Vitória!!!! Há Há Há!
Bom, acho que é só... Me empolguei.
Termino aqui com um brinde a todos aqueles que têm um nome único, difícil e original. Chega de mesmice! Viva os nossos nomes!!!!

Jonice Oliveira disse...

Apesar do post longo, esqueci uma cena. Uma vez ao tirar sangue a atendente perguntou meu nome... Logicamente, disse apenas o primeiro. Ela me abre o maior sorriso, me vira o monitor e fala “olha quantas JoniceS tem cadastrado aqui!!!”. E ela estava alegre, mostrando as telas... Com um sorriso de orelha a orelha. E me perguntou “Quer que eu imprima?”. Falei “Pra quê?”. “Ahhh... Pra vc. saber quem são as suas xarás....”. Talvez ela tenha um nome-estranho também. Solidária a moça, viu?!