sábado, 17 de julho de 2010

Falsos perfis na internet


Sempre usei a internet pra me comunicar com pessoas que moram distantes, ou para conhecer novas pessoas.. fazer amigos, contatos profissionais, e até relacionamentos, porque não? Minha relação com pessoas no mundo virtual sempre foi recheada de sucessos. Por meio da internet conheci algumas das pessoas que hoje são os meus melhores amigos. Viajei o Brasil inteiro, e tenho contatos que me garantem hospedagem em diversas cidades do país.

Sempre escutei a desconfiança das pessoas com a internet de forma cética. O medo da exposição, nesse mundo globalizado, traz o efeito colateral do isolamento geográfico. Se apenas nos comunicamos com quem vemos, ficaremos co
mo a maioria das pessoas dos tempos antigos atrelados a um círculo restrito de pessoas. E nesse mundo tão vasto, tão extenso, acredito na máxima de que "amigos a gente encontra.. o mundo NAO é só aqui!!".. a estrada virtual torna as frases dessa música mais distantes ainda. Amigos na China, na França, nos EUA tornam-se reais e totalmente possíveis. Conversar com alguém no MSN que tecla do mesmo bairro que você ou do outro lado do planeta, torna-se exatamente a mesma coisa, graças ao rompimento de barreiras promovido pela internet.



Esse histórico de confiança gera, é claro, uma certa displicência em relação às intenções gerais. Assim como no mundo real, perceber as más intenções e a perversidade que paira do outro lado da tela, não é trivial. Do mesmo jeito que um sorriso bonito e um olhar sincero pode esconder um psicopata, alguém de má índole ou b
aixa estirpe (como é o caso do pobre Totó Ramos da novela das 8 iludido pelo doce olhar da jovem, linda, mas muito mázinha Clara Ximenes), saber se a pessoa com quem você conversa do outro lado da telinha, sob um nome aparentemente normal, uma foto totalmente crível e uma conversa sem segundas intenções é de fato o que aparenta ser, também não é trivial.

Os riscos que podem
advir dessa nova forma de comunicação torna-se ainda mais perigoso se imaginarmos que pessoas ingênuas, carentes ou desinformadas, podem facilmente ser alvos de bandidos virtuais ou pedófilos ou coisas do gênero...

Agora o que dizer quando do outro lado da tela não esconde-se um desconhecido, mas alguém bastante conhecido, que se aproveita desse meio virtual para descobrir "segredos ocultos" do amigo, do marido, do pai, ou de alguém que se deseja "investigar". Nesse caso o perigo é ainda maior. Como dizia o manual do psicopata: o perigo dorme ao seu lado. Esse tipo de farsa virtual é mais perigosa pois a pessoa do outro lado possui armas letais (conhecimento sobre você) que podem facilmente induzi-lo a dizer o que o outro deseja ouvir.

Então fiquei pensando: quem é mais estúpido nesse tipo de cenário? A pessoa que é capaz de perder o seu tempo criando perfis falsos em uma busca por investigação que traga informações que poderiam ser facilmente obtidas em conversas face-a-face? Ou a pessoa que do outro lado, ingenuamente, fornece informações sobre suas idéias, sentimentos e emoções a um desconhecido?

E ainda no caso dos inúmeros casos de traições descobertas na internet, quem é mais traidor? A pessoa que trai e não conta à pessoa traída que a traiu? Ou a pessoa que usa um perfil falso para descobrir a tal traição? Sim, pq no segundo caso podemos sim dizer que houve também uma traição de confiança, tão ou até mais séria do que a que se busca descobrir..
A anteriormente "vítima" torna-se algoz e, o pior é que na maioria dos casos essa pessoa ainda se acha no direito de continuar se achando vítima.
E quem é mais ridículo e infantil nessa história toda?


Isso me fez lembrar do filme da Julianne Moore, "O preço da traição", onde ela contrata uma modelo linda para seduzir o Liam Neeson, seu marido, e com isso, testar o quão fiel ele é a ela. Ora, dona Julianne, faça-me o favor! Porque criar situações que só lhe causarão dor e decepção futuramente? Até parece uma auto-sabotagem, uma vontade de destruir a imagem que se tem do outro. Porque não senta e conversa com a criatura, meu Deus? E vamos combinar.. será que o marido é tão culpado assim de sucumbir a uma armadilha tramada pela própria mulher, em quem ele até então confia? E a Julianne? Será ela tão coitadinha assim ao ver seu marido com outra, sendo que essa outra foi contratada por ela mesma para fazer justamente esse serviço?
A conclusão é que a modelo sim.. essa é competente no que se propôs a fazer. E os outros dois, coitados.. pobres vítimas um do outro!

Os artistas têm sofrido muito com essa história de perfis falsos no Twitter. Uma ferramenta de comunicação instantânea tão útil que até ajudou a eleger o novo presidente dos EUA fica ameaçada pela falta do que fazer de pessoas que se fazem passar por esses artistas e postam mensagens indicando o que a pessoa está fazendo agora ou daqui a pouco.
Vi uma entrevista da Fernanda Young onde ela diz que tolerou o fake que usava seu nome no twitter até o momento em que ele postou uma mensagem dizendo que ela (Fernanda) estava indo pra igreja de não sei o que.. aí ela falou: bom, agora chega!! essa pessoa já tá começando a denegrir a minha imagem.. e processou a criatura e ganhou o domínio criado por ele de volta..


Enfim..
e qual o motivo mesmo desse post??
Estou revisando o artigo de projeto final de uma aluna de graduação, em que ela investiga como podemos identificar lobos em peles de cordeiro em redes sociais: os tais detentores de falsos perfis. Como saber que a pessoa que está do outro lado da tela é realmente quem ela diz ser?



Isso me fez refletir sobre a minha experiência positiva no uso da internet, porém os resultados apresentados pela aluna me fez refletir também sobre os perigos advindos dessa prática, se feita de forma ingênua.. Não custa nada ficar mais atento daqui por diante, não é?
Mas que é uma pena ter que desconfiar de toda e qualquer pessoa que se aproxima de vc, ah isso é.. que mundo chato esse em que não podemos confiar em ninguém, e onde o outro precise mentir para conseguir uma verdade tão simples de ser alcançada: onde uma simples conversa resolveria tudo!

A parte ruim é que acho que a aluna vai desistir de trabalhar nesse tema! Algum outro aluno interessado em seguir nesse caminho de pesquisa?

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