"Mesdames et messieurs! pardonez-moi de vous déranger pendant votre trajet..."
Esta semana fui a um show absolutamente lindo demais, com uma artista meio baiana, meio francesa, totalmente brasileira e globalizada, chamada Dina Tavares.
O local escolhido para o show já era um luxo só.. um espaço alternativo, com cheirinho de arte por todos os poros.. a pirâmide cultural do Rio Vermelho. Gente diferente e, por isso mesmo, bonita de se ver, em um cantinho super intimista, no restaurante Tom do Sabor.
Conheci o talento de Dina da maneira mais agradável possível, durante as gravações de vozes para o coro em um disco de um amigo em comum. Ali, participando com ela do processo criativo de arranjos de canções, já percebi o seu talento e amor pela música.. as interações eram sempre muito ricas.. era um privilégio enorme dividir o mesmo espaço e microfone com ela e ver como funciona as "viagens" de um artista da música em processo de criação.. como surgem as idéias, as inspirações.. e como coisas aparentemente sem muito sentido, a princípio, viram magia quando aplicadas no tempo e tom certos..
e foi com essa predisposição que fui ao show de Dina.. não me surpreendi com a beleza do trabalho... não esperava nada diferente em termos de qualidade e novidade.. o que me surpreendeu ou me causou muita emoção, foram os cuidados com os detalhes.. a sutileza das canções.. o luxo dos arranjos e instrumentos.. a qualidade dos músicos que a acompanha.. a felicidade e talento dela totalmente expostos.. e a mistura totalmente casada da sofisticação francesa, presente na maioria das letras, com a ginga baiana/brasileira, que dava o tom das melodias... até parecia que o nosso ritmo foi feito para também ser cantado em francês.. quem não entendia nada de francês até conseguia acompanhar junto.. e mesmo não sabendo todas as palavras sabiam exatamente do que se tratava.. e se não soubesse, se emocionava do mesmo jeito..
difícil enumerar o que foi mais bonito no show.. fico com o conjunto da obra.. Dina feliz, leve, transmitindo essa alegria em estar de volta à casa... ela muitas vezes em suas canções fala sobre o frio do inverno europeu e das angústias de ser uma estrangeira.. e muitas vezes somos também estrangeiros ao voltar pra casa.. entendo bem o que ela canta, já passei por isso.. também sei quem eu sou, mas não sei mais de onde vim..
Para quem não conhece, vale a pena conhecer..
Baianos! nova chance de ver Dina no Teatro Gamboa Nova, dias 10 e 17 de junho.. Imperdível!
nesse mundo de "arrochas", "Kellies Keys", vulgaridades nas letras, pobreza de arranjos e apologia ao emburrecimento, é um bálsamo ouvir música desse nível feita com tanto cuidado..
mas é preciso ter ouvidos atentos, que não apenas escutem, mas ouçam..
Um comentário:
Puxa Vaninha, realmente agora entendo e concordo com o que falou sobre Dina Tavares. Ontem dia 05 de novembro no Teatro do Sesi algo de celestial nos rondava a cada acorde e cada palavra da voz suave e delicada dela...me senti ganhando um presente raro, tudo foi preparado com muito cuidado, com um raro prazer de quem está muito feliz com o que está produzindo e querendo compartilhar.
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